Estudo mostra que Brasil pode ter maior expansão agropecuária do mundo com desmatamento zero

 

Um estudo coordenado pelo Instituto Internacional para a Sustentabilidade (IIS), em parceria com a Embrapa e o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (Inpe), e publicado no Periódico Global Environmental Change, mostrou que uma melhor utilização de áreas já dedicadas à pecuária pode conciliar uma expansão expressiva da agropecuária nacional com desmatamento zero. “Nossas análises mostram que o Brasil já possui áreas agrícolas e pecuárias suficientes para absorver a maior expansão de produção agrícola do mundo nas próximas três décadas, sem precisar desmatar um hectare adicional de áreas naturais” afirmou o coordenador do estudo, Bernardo Strassburg, professor da PUC-Rio e diretor executivo do Instituto Internacional para a Sustentabilidade.

A chave é o aumento de produtividade das áreas de pastagem. Hoje é utilizado apenas um terço do potencial das pastagens disponíveis no país, se a pecuária passasse a utilizar metade deste potencial, em 30 anos conseguiria aumentar em 50% a produção de carne e liberar 32 milhões de hectares para outros cultivos, como a soja e florestas plantadas. Os dados são pesquisa e apontam que se fosse atingido 70% do potencial, ainda seriam liberados outros 36 milhões de hectares para recompor áreas nativas.

“O aumento da produtividade da pecuária no Brasil irá exigir esforços significativos, incluindo um planejamento territorial integrado, oferta de linhas de crédito compatíveis com a pecuária, de preferência com assistência técnica integrada. Estes podem ser caracterizados como um grande desafio ” diz Agnieszka Latawiec, diretora de pesquisas do IIS.

Esse aumento é possível, com base no estudo, e poderia contribuir para resolver uma variedade de problemas socioambientais, aumentar a renda do produtor, diminuir a pobreza rural e fixar o homem no campo, resultando em um setor agrícola mais sustentável no Brasil. Por outro lado, a iniciativa também apresenta riscos: “É imprescindível que uma política de aumento de produtividade – e portanto do lucro – na pecuária seja acompanhada de esforços complementares para evitar um impulso por mais desmatamento ” completa Strassburg.

Segundo Judson Valentim, pesquisador da Embrapa Acre, tecnologias desenvolvidas pela Embrapa na forma de sistemas intensivos de produção bovina a pasto, associados a sistemas de integração lavoura-pecuária e lavoura-pecuária-floresta estão promovendo uma revolução na agropecuária brasileira. As cultivares de gramíneas e leguminosas forrageiras, desenvolvidas pela Embrapa, já são adotadas em mais de 42 milhões de hectares de pastagens cultivadas em todo o Brasil. “Por serem bem adaptadas às diferentes condições de clima e solo, além de mais produtivas e de melhor qualidade, estas pastagens proporcionaram renda adicional de R$ 8,9 bilhões aos produtores em 2013. Esses sistemas de produção sustentáveis conciliam aumento da produção e a melhoria da renda e do bem-estar dos produtores com a conservação dos recursos naturais” destaca Valentin.

Agricultura de Baixo Carbono fomenta produção sustentável no campo

O Plano ABC (Plano Setorial de Mitigação e Adaptação às Mudanças Climáticas para a Consolidação de uma Economia de Baixa Emissão de Carbono na Agricultura), desenvolvido pelo governo federal, é um exemplo de política pública que estimula a adoção dessas práticas. Produtores rurais podem requerer crédito para adoção de técnicas de baixa emissão de carbono, como recuperação de pastagens degradadas, Integração Lavoura-Pecuária-Floresta (iLPF) e Sistemas Agroflorestais (SAFs), sistema Plantio Direto (SPD),Fixação Biológica do Nitrogênio (FBN) e florestas plantadas; além de tratamento de dejetos animais. A meta é incorporar oito milhões de hectares até 2020. Ao evitar o desmatamento e diminuir a emissão de metano por quilo de carne produzida, a iniciativa também seria uma poderosa ferramenta de conservação da biodiversidade e de mitigação das mudanças climáticas, evitando a emissão de até 14,3 GtCO2.

Fonte: RuralBR


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