Obras de menor custo/benefício e com a garantia de maior produtividade são algumas das características das construções metálicas. A tendência em industrializar a construção, buscando o ganho de produtividade e sustentabilidade, está se tornando cada vez mais presente entre os empreendedores e construtores na capital sergipana. Um crescimento que chama atenção e acende um sinal de alerta para o cumprimento de procedimentos preventivos de manutenção. Uma preocupação que também se estende para as obras de estrutura em concreto armado, no sentido de que tenham uma vida útil, de no mínimo, 50 anos.
O atual cenário imobiliário de Sergipe, principalmente de Aracaju sob a ótica da Norma de Desempenho e as novas regras previstas NBR (Norma Brasileira aprovada pela Associação Brasileira de Normas Técnicas) foram amplamente discutidas durante o Seminário da Associação Brasileira de Engenharia e Consultoria Estrutural de Sergipe (ABECE –SE) ocorrido nos dias 11 e 12 deste mês, em Aracaju.
O evento realizado com o apoio do Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Sergipe (Crea-SE) trouxe para discussão os procedimentos de manutenção que os usuários e síndicos devem seguir tendo como base as normas técnicas. “Sabemos que não existe uma boa cultura de manutenção, mas hoje a Legislação define com clareza a responsabilidade dos usuários, do ponto de vista de manutenção. As regras privilegiam os benefícios ao consumidor e dividem responsabilidades entre fabricantes, projetistas, construtores e usuários”, reforça Carlos Henrique Carvalho, professor do Instituto Federal de Sergipe e doutor em Engenharia de Materiais.
Para Carlos Henrique, a discussão é importante pelo fato da estrutura em aço estar competitiva economicamente diante das obras em concreto armado. “Os empreendimentos em concreto é tradicional no cenário da construção civil de Sergipe, mas o crescimento de edificações em estrutura de aço já desponta na capital com uma forte tendência de crescimento. Por isso, é importante debater com especialistas quais os cuidados e procedimentos que devemos adotar para garantir não apenas a durabilidade, mas a segurança e a qualidade dessas obras justamente por estarem em uma área litorânea” destaca o engenheiro.
Importância da manutenção
O presidente do Crea-SE, engenheiro agrônomo Arício Resende destaca a importância do debate, principalmente
no que se refere à conscientização para a manutenção. “Muitos desconhecem a importância da manutenção predial e até acreditam ser irrelevante, mas é preciso mudar essa cultura. A preocupação é necessária pelo fato de que as edificações têm vida útil predeterminada. Diante disso, a falta de manutenção, assim como o uso indevido, pode expor um determinado imóvel a grande risco, até mesmo causando vítimas. Em Aracaju já foram muitos os casos registrados pela falta de manutenção”, alerta o engenheiro Arício Resende.
Para se ter ideia da importância de uma manutenção periódica, estudos constataram que 66% das prováveis causas e origens dos acidentes em edificações com mais de 10 anos de fundação estão relacionadas com a falta desse cuidado. “Por isso é sempre importante destacar para os proprietários e os síndicos dos empreendimentos a importância da manutenção predial. Esse conjunto de recomendações baseia-se na combinação de ações técnicas e administrativas, incluindo as de supervisão, destinadas a manter ou recolocar itens no local correto para garantir o
perfeito funcionamento de todo o projeto construtivo”, avalia o presidente do Crea-SE.
Em sua palestra, o professor do Departamento de Ciência e Tecnologia de Materiais da Universidade Federal da Bahia, Daniel Veras Ribeiro, falou sobre a “Corrosão nas estruturas de concreto armado submetidas a um ambiente marinho agressivo”. Apresentou para o público presente o passo-a-passo que deve ser seguido para elaboração de um projeto de durabilidade, o qual assegure que a obra tenha uma vida útil de, no mínimo, 50 anos. “Às novas regras exigem técnicas que garantam a durabilidade não apenas para prédios residenciais, mas tambémpara obras de infraestrutura, a exemplo de pontes, viadutos e estradas”, disse ele.
A “Corrosão nas estruturas em aço submetidas a um ambiente marinho agressivo” foi ouro tema em destaque
durante o Seminário. O tema foi abordado pelo doutor em engenharia de materiais pela USP, Fábio Domingos Pannoni. Para ele, este tipo de discussão em Aracaju se torna ainda mais importante, por se tratar de uma cidade com grande interferência da maresia. “Nosso objetivo é destacar os pontos necessários como agregar longevidade e durabilidade às estruturas de aço e de concreto, reduzindo quantidade de intervenções na obra, ou seja, conhecer as causas e saber como controlar a intervenção do ambiente, o que permite minimizar os custos ao longo da vida útil da estrutura”, afirmou.
O coordenador do Seminário e representante da diretoria da Associação de Engenharia e Consultoria Estrutural em Sergipe (ABECE-SE), o engenheiro civil Adelson Rios falou sobre“ O crescimento vertical de Aracaju em estrutura de concreto armado é expressiva e predominante, mas também já começa a despontar o aumento de empreendimentos em estrutura de aço. Por isso, percebemos a necessidade de trazer para o Estado um debate amplo sobre as normas técnicas, suas nuances e alterações. O evento foi um sucesso”, resume o engenheiro
