O Conselho Regional de Engenharia e Agronomia de Sergipe (Crea-SE) é contra a privatização da Companhia de Saneamento (DESO) por entender que a água é um bem público, um direito humano e que não pode ser tratada como uma commoditie, como se fosse uma mercadoria. Para o presidente do Conselho, engenheiro agrônomo Arício Resende, a desestatização do sistema acarreta demissões, precarização do trabalho por meio de subcontratações de serviços, aumento de preços tarifários, perda da qualidade do serviço oferecido, além do aumento da desigualdade social.
De acordo com o presidente do Crea-SE hoje vários povoados de Sergipe recebem água tratada porque a Deso é uma empresa pública.” São localidades onde o custo para manter o abastecimento de água é bem acima que os recursos arrecadados pelas tarifas pagas pelos consumidores dessas regiões mais afastadas da área urbana. Isso ocorre porque o objetivo da estatal não é ter lucro, o que ela precisa ter é um resultado social. No caso de uma privatização a situação seria diferente”, avalia Arício Resende que também alerta para as tarifas sociais que no caso de uma venda da Companhia, o benefício estaria ameaçado a acabar.
No fim da manhã desta terça-feira (14/2) uma comissão formada por representantes dos empregados da DESOesteve reunida com o presidente Arício Resende com o objetivo de pedir o apoio do Crea ao movimento contra a privatização da Companhia de Saneamento. “Estamos buscando o apoio de instituições e entidades de classe. A participação do Crea-SE neste movimento é de fundamental importância”, disse a advogada, Layane carvalho, integrante da Comissão.
Layana destaca que a privatização desse serviço público trará sérios problemas a população. “Sairemos de uma visão comunitária e social para uma visão capitalista. Deixar o saneamento básico e o abastecimento de água nas mãos de empresas privadas é uma medida que vai encarecer o serviço em locais que mais precisam. O preço da tarifa deve variar de acordo com as condições do município, como a dificuldade de captação de água e o poder aquisitivo da população” , explica ela.
A advogada ressalta ainda que dos 71 municípios abastecidos pela DESO somente 14 são viáveis financeiramente para investimentos em captação. “ A DESO enquanto pública presta o atendimento, mas ao ser privatizada não vai querer investir onde não há retorno financeiro porque sua preocupação é apenas lucrar”, avalia Layane.
Já o engenheiro, Edson Barreto alerta que a privatização reduz o mercado de trabalho. “As empresas vão deixar de participar de licitações para executar obras de saneamento, por exemplo, porque as licitações deixam de existir com a privatização. A contratação de mão-de-obra passa a ser mínima”, alerta ele